Tenho saudades da azáfama da escola
Dos cadernos, das canetas de todas as cores com cheiro e, às vezes, brilhantes. Dos dossiês personalizados e da afia com reserva. Da agenda escolar e dos post-its com diferentes formas.
Tenho saudades. E muitas.
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Dos cadernos, das canetas de todas as cores com cheiro e, às vezes, brilhantes. Dos dossiês personalizados e da afia com reserva. Da agenda escolar e dos post-its com diferentes formas.
Tenho saudades. E muitas.
3 Anos de saudades ❤
A minha vontade de estudar é 0.
Isto vai correr muito bem..
Sempre admirei muito quem estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Muito!
E agora é a minha vez. A pós-graduação "rouba-me" as sextas e sábados e é tanta coisa condensada nesses dois dias que tenho de passar o resto da semana a tentar organizar toda a matéria para depois estudar.
O primeiro exame foi esta semana e posso dizer que não foi fácil conseguir ter tempo para estudar tudo. Também porque para além do hospital, ainda trabalho no restaurante. Mas não é fácil. Chego tão cansada a casa que só quero dormir, mas não posso...ou não devo!..
Continuo a admirar muito. Mas agora dou ainda mais valor. Porque só se dá valor às coisas quando passamos por elas...
Amanhã volto a ser aluna. Amanhã começa uma nova fase da minha vida, pois começo uma pós-graduação.
E, a sensação de voltar a ser aluna, deixa-me com um friozinho na barriga,como se nunca tivesse deixado de ser!
Há uns dias experimentei o capuccino de baunilha que há na máquina lá do hospital. E só posso dizer que assim que o saboreei, fui transportada para os tempos de faculdade. Era essa a minha bebida favorita também da máquina de lá, para beber entre as aulas, para beber quando estava fartinha dos professores, para beber para aquecer o coração quando as saudades de casa já eram tantas.
Ao bebê-lo agora, seis anos depois de ter entrado em Lisboa, as saudades reforçaram-se... E o coração ficou quentinho mas também apertadinho!...
Nesta altura em que já li várias opiniões sobre praxes, inclusive em alguns dos blogs que sigo, percebi que nunca tinha deixado a minha opinião sobre este assunto.
Quando entrei para a faculdade, há 5anos atrás, confesso que também ia receosa, também ia em dúvida se quereria passar por aquilo. Nunca fui pessoa de faltar a aulas, nunca fui de andar a beber a toda a hora, e era essa a ideia que eu tinha de praxes: bebida, faltas e sujidade. Mas como nunca fui de rejeitar nada antes de conhecer, decidi arriscar e ir; se não gostasse, deixava.
E a praxe surpreendeu-me. É verdade, não vou mentir se em algum momento não quis voltar atrás e ir embora. O primeiro dia foi o horror: ter pessoas que nunca tinha visto a berrarem comigo e sempre a dizer "Bicho, olhos no chão!", a tratarem-me como se eu fosse nada. Mas também foi no primeiro dia que conheci as pessoas que dali em diante iriam passar comigo os 4anos de curso; aquelas que a quem teria de me habituar, sendo que estava a mais de 300km de casa, do M, de toda a minha vida.
Posso dizer que foi das melhores semanas da minha vida, apenas suplantada pela semana de "enterro", a última semana em que fui praxada. Não fui obrigada a beber nada que não quisesse, nunca me obrigaram a faltar às aulas, só faltava quem quisesse, tiveram o cuidado de perguntar as alergias de cada um e, a partir daí sim: foi sujeira, muito gritaria, muito rebolar no chão, muitas flexões e abdominais....mas também o incutir pelo defender do curso que havíamos escolhido, o começar a conhecer quem nos rodeava e não só os seus sapatos. O escolher da madrinha (a melhor de sempre!) e o começar a fazer amizades pelo compartilhar das dificuldades. Tudo isso só aconteceu naquela semana de praxes; se a mesma não tivesse existido, não posso dizer que não teria feito amigos, obviamente, mas creio que teria sido mais demorado e mais complicado.
Agora, não concordo com certas praxes, isso também é verdade. Locais em que só é enterrado quem se embebedou em todos os jantares de curso, ou que teve de sair todas as noites até altas horas, isso para mim não é praxe. A praxe é um ato integrativo, que serve para nos iniciar na vida universitária, que nos leva a perceber que há muito para além da nossa vida de secundário; onde brincamos, jogamos (jogos tão parvos que são esses que nos fazem rir em cumplicidade com quem nos rodeia!), gritamos a alto e bom som para defender até ao fim o nosso curso, decoramos as letras de todas as músicas que nos permitirão ganhar toda e qualquer batalha seja com que curso for.
Não sou contra quem não quer passar pela experiência; estão mais do que no seu direito e certamente viverão o mundo académico à sua forma e serão felizes também; mas tenho a certeza que a sua integração nucna será tão fácil.
Isto são praxes..e soube tão bem chegar ao fim do ano, ser enterrada e finalmente pensar: acabou! Mas depois?
Depois, ao ser eu a praxar, senti a saudade. Saudade de ser praxada...Essa vida, que não voltou mais!
Não há palavras que possam descrever o que sinto ao poder escrever isto.
Ao saber, que estes 4anos não foram inglórios. Que, apesar de tudo, fui tão feliz.
APCT 2008-2012. Os melhores de sempre ♥♥♥