Um carro abalroou uma mota e eu vi, ao vivo e em direto, o senhor da mota a ser projectado por cima do carro e a voar para o outro lado da estrada. Paralisei.
Estacionei o carro e fui a correr verificar se era necessário começar suporte básico de vida. O senhor da Mota estava consciente , mas com sangue na perna, provavelmente partida. Era só preciso não deixar que ele perdesse a consciência.
Chamou-se o 112. Fiquei mais descansada por estar consciente. Levava capacete felizmente. Mas o que me chocou, apesar de tudo, foi o estado de choque em que ficou o condutor do carro. Chorava copiosamente e só pedia ao senhor da mota para não deixar de falar com ele. É bombeiro, o culpado. Ele, que luta tantas vezes para salvar os outros, tinha ali feito uma asneira que podia ter morto um.
Não fiquei bem. Passei o resto do dia a pensar naquilo. Sempre que fecho os olhos vejo o senhor a voar por cima do carro.
Confesso que já não consigo ver. É mortes na estrada, é homens que matam mulheres ou filhos ou ambos, é assaltos violentos ou mortes que ficam sem explicação. É só isto. Todos os dias. E cansa, já cansa de tantas notícias más.
Quando ao mostrar à minha mãe, ela pensou exactamente na mesma pessoa que eu quando a ouvi. A razão pela qual a escolhi foi exactamente essa, porque apesar de ela já não poder estar fisicamente, quero que esteja comigo sempre. E essa música fala de um anjo. E ela é o meu!
Hoje, no primeiro de agosto, celebra-se o mês das férias por excelência (não para mim, mas para a grande maioria). Mas também o regresso dos que vivem lá fora e vêm hoje.
Os tios e primos que tanto amo chegaram agora. E estou desejosa de os ver, de os abraçar.