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One Smile, One Life

Porque só vivemos uma vez

One Smile, One Life

Porque só vivemos uma vez

2013 it's over!*

O que foi 2013:

 

Um início de ano desempregada.

O estágio em Évora. O conhecer de pessoas que nunca vou esquecer (Sim Ana, tu foste uma delas minha querida!)

As viagens a Santarém para estar com a mana do coração.

9Anos de namoro com Miguel. O amor de sempre!

A primeira oportunidade de emprego - Covilhã!

Uma viagem fantástica com os pais até ao Minho.

A responsabilidade no emprego a crescer.

O fim-de-semana único com o Mi em Braga e no Porto.

O desesperar por novo contrato. 

O novo contrato chegou. Um ano de contrato pela frente. Felicidade total :)

23 anos feitos.... como o tempo passa!

 

 

Um ano nem sempre feliz. Mas tão bom ao mesmo tempo. Porque cresci tanto. Porque finalmente ganhei a minha independência.

Porque agora tudo se torna mais fácil!

Para 2014? Só posso pedir saúde e trabalho! Porque de amor, felizmente, estou de coração cheio :)

 

Sejam felizes não só em 2014...mas SEMPRE!

O Melhor de 2013!

1. A Série Televisiva

 

Glee. Por tudo. Porque sim.
Porque continua a ser uma série com a qual me identifico.
2. O Filme


Sem dúvida. Porque mostra muito da realidade do nosso país.
Porque mosra a nossa essência.
Porque, como nunca antes, mostra o que é ser emigrante português.



3. O Livro


A continuação da saga. Gosto muito da escrita desta senhora.
E gosto ainda mais das histórias! (mas é sempre injusto escolher um, visto que sou apaixonada por livros...)
4. A Viagem
Sem dúvida, dos melhores dias da minha vida. Porque os dois amamos conehcer novas coisas, porque os dois gostamos da cultura do norte.
Porque apesar de não ser muito longe, foram dias só nossos. E isso valeu por tudo!
5. O Post
Acho que é uma escolha óbvia. 
Conseguir emprego na área que gosto é uma sensação única e cada vez mais rara.

Read This #8

O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, onde a elegância dos doentes os transforma em reis. Numa das últimas vezes que lá fui encontrei um homem que conheço há muitos anos. Estava tão magro que demorei a perceber quem era. Disse-me

- Abrace-me porque é o último abraço que me dá

durante o abraço

- Tenho muita pena de não acabar a tese de doutoramento

e, ao afastarmo-nos, sorriu. Nunca vi um sorriso com tanta dor entre parêntesis, nunca imaginei que fosse tão bonito.

Com o meu corpo contra o dele veio-me à cabeça, instantâneo, o fragmento de um poema do meu amigo Alexandre O'Neill, que diz que apenas entre os homens, e por eles, vale a pena viver. E descobri-me cheio de respeito e amor. Um rapaz, de cerca de vinte anos, que fazia quimioterapia ao pé de mim, numa determinação tranquila:

- Estou aqui para lutar

e, por estranho que pareça, havia alegria em cada gesto seu. Achei nele o medo também, mais do que o medo, o terror e, ao mesmo tempo que o terror, a coragem e a esperança.

A extraordinária delicadeza e atenção dos médicos, dos enfermeiros, comoveu-me. Tropecei no desespero, no malestar físico, na presença da morte, na surpresa da dor, na horrível solidão da proximidade do fim, que se me afigura de uma injustiça intolerável. Não fomos feitos para isto, fomos feitos para a vida. O cabelo cresce-me de novo, acho-me, fisicamente, como antes, estou a acabar o livro e o meu pensamento desvia-se constantemente para a voz de um homem no meu ouvido

- Acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento

porque não aceito a aceitação, porque não aceito a crueldade, porque não aceito que destruam companheiros. A rapariga com a peruca no braço da cadeira. O senhor que não olhava para ninguém, olhava para o vazio. Ali, na sala de quimioterapia, jamais escutei um gemido, jamais vi uma lágrima. Somente feições sérias, de uma seriedade que não topei em mais parte alguma, rostos com o mundo inteiro em cada prega, traços esculpidos a fogo na pele. Vi morrer gente quando era médico, vi morrer gente na guerra, e continuo sem compreender. Isso eu sei que não compreenderei. Que me espanta. Que me faz zangar. Abrace-me porque é o último abraço que me dá: é uma frase que se entenda, esta? Morreu há muito pouco tempo. Foda-se. Perdoem esta palavra mas é a única que me sai. Foda-se. Quando eu era pequeno ninguém morria. Porque carga de água se morre agora, pelo simples facto de eu ter crescido? Morra um homem fique fama, declaravam os contrabandistas da raia. Se tivermos sorte alguém se lembrará de nós com saudade. De mim ficarão os livros. E depois? Tolstoi, no seu diário: sou o melhor; e depois? E depois nada porque a fama é nada.

O que é muito mais do que nada são estas criaturas feridas, a recordação profundamente lancinante de uma peruca de mulher num braço de cadeira. Se eu estivesse ali sozinho, sem ninguém a ver-me, acariciava uma daquelas madeixas horas sem fim. No termo das sessões de quimioterapia as pessoas vão-se embora. Ao desaparecerem na porta penso: o que farão agora? E apetece-me ir com eles, impedir que lhes façam mal:

- Abrace-me porque talvez não seja o último abraço que me dá.

Ao M. foi. E pode afigurar-se estranho mas ainda o trago na pele. Durante quanto tempo vou ficar com ele tatuado? O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria onde a dignidade dos escravos da doença os transforma em gigantes, onde só existem, nas palavras do Luís, Heróis.

Onde só existem Heróis. Não estou doente agora. Não sei se voltarei a estar. Se voltar a estar, embora não chegue aos calcanhares de herói algum, espero comportar-me como um homem. Oxalá o consiga. Como escreveu Torga o destino destina mas o resto é comigo. E é. Muito boa tarde a todos e as melhoras: é assim que se despedem no Serviço de Oncologia. Muito boa tarde a todos e até já, mesmo que seja o último abraço que damos."

 

António Lobo Antunes

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